terça-feira, 27 de setembro de 2011

Banalização da fotografia uma ova ou ainda bem ?

 

Não é de hoje que se escuta isso e em qualquer rodinha de neófitos de pensadores da fotografia é uma das primeiras frases pseudo-intelectuais ou de fototógrafos profissionais recalcados que estão perdendo mercado por que, meu caro, hoje qualquer um tira foto sim, mas a maioria não sabe bem o que faz...

A palavra banalização (não sei se vem do francês…) tem a ver com trivialização ou mesmo universalização . Bom… este foi o objetivo do estado francês ao liberar, em 1919, a patente da fotografia dentro de um espirito humanitário e liberal…neste momento estavamos falando do Daguerreótipo, um instrumento não muito prático ou acessivel.

Desde então a tecnologia fotográfica evoluiu, evoluiu e só agora , um século depois, eles conseguiram seu objetivo: a Universalização da fotografia, Hoje a imensa maioria tem acesso a um gadget que faz fotos e ela circula como uma liguagem agora acessível, polissêmica e transcultural.

Para ter mais referências sugiro uma lida do livro “Fotografia e Sociedade” de Gisèle Freund (literatura básica pra quer quer pensar a fotografia)  e também  “Uma história Crítica do Fotojornalismo Ocidental” de Jorge Pedro Souza…mutio bom também.

sábado, 24 de setembro de 2011

O que penso do Liveview…que nem é novidade !

 

Nikon_V1_BK

Não se trata de purismo ou resitência a novidades, coisas que eu nunca tive, mas temos que entender o que tem acontecido com a percepção da fotografia e seu processo cognitivo com as novas tecnologias.


Vamos lembrar antes que o desenvolvimento tecnológico da fotografia interferiu na sua linguagem desde sempre. Desde as câmeras de chapas de vidro e emulsões lentíssimas erá sempre necessário uma boa dose de imaginação traduzida em curiosidade: imaginar ou deduzir como ficaria a foto a partir deste ou aquele filme, desta ou aquela lente,…antes a camera era só sobre tripé, depois as cameras de mão com filmes mais sensíveis, o flash…qdo chegou a 35mm então foi uma mudança de linguagem enorme…enfim, dando um grande salto, a fotografia digital com seus LCD’s para visualizar as fotos na hora…parece até musica...emociona na hora !

O fato é que entre tantos talentos que um fotógrafo reunia, ou reune ainda, era a IMAGINAÇÃO… a capacidade de traduzir o que vê, EM TODAS AS SUAS DIMENSÕES, numa imagem em 2d singular … e já não é de hoje que quase todo mundo olha a fotografia já em duas dimensões, ali na telinha, da camera, do celular,…mas ficava resguardado aos fotógrafos aquela pose, aquele habito de olhar pelo visor e ver tudo enquadrado, como diria Adriana Calcanhoto.

Hoje a pose mudou. E não se trata de resistir a ela, mas Liveview é apenas mais um passo em direção a mais um novo capitulo da  linguagem fotográfica: a dos nativos da fotografia digital, daqueles que já cresceram dizendo “deixa eu ver !” logo após o click…olhar a fotografia pelo Liveview e quase que suprimir a imaginação, o alinhamento cabeça, mente e coração de Bresson. Issó é um ponto forte pra mim.

Por outro lado a ergonomia destas cameras MIRRORLESS (e isso sim é novidade ! ), mesmo que priorizando o Liveview me agrada muito…, são pequenas e poderosas e fazem bem um estilo documentarista evitando essas grandes lentes e corpos mostruosos que causam a profilmia (reação do fotografado à camera). Muito boas para trabalhos pessoais em retrato de pessoas…já está nos meus planos.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Equilíbrio e o Corpo Ribeirinho

Na última ANPOCS, que ocorreu na UFPA aqui em Belém ano passado, participei de um GT e vi a apresentação de um trabalho que relaciona o corpo firme e definido do ribeirinho com seu habitat: barcos, pinguelas, trapiches,… teorizava que por viver e andar sempre por essas superficies instáveis seu corpo é naturalmente tonificado. Aí lembrei desta foto que fiz no trapiche do mosqueiro…sem duvida meu filho de 6 anos, garoto de apartamento mesmo, não se atreveria a andar a 5 mestros do chão.

Pier da Vila - Mosqueiro

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Inspirações ou Estas são imagens que não fiz pra vender…

Nessa vida de fotógrafo comercial (seja qual ramo for…) nem sempre sobra tempo pra curtir mais a fotografia…isso de transformar o que se gosta numa atividade profissional é, ao mesmo tempo, reconfortante e angustiante. Reconfortante porque  estou conectado comigo mesmo fazendo o que escolhi há quase 15 anos e gosto da atividade, a visão de mundo que proporciona e de tudo que a envolve. Angustiante por que viver estritamente da fotografia acaba levando você a aceitar algumas demandas, incorporar determinados signos e as vezes até vender a alma ao fazer o que se espera e não o que se quer ( lembrando que o layout publicitário hoje é cada vez mais quase uma arte final…antigamente era um desenho e os ilustradores tinham mais trabalho) é aí que você pensa…estou fazendo o que eu gosto ? Viva a fotografia sem layout !!! …por isso a fotografia de casamento tem atraído tantos fotógrafos criativos…tem mais margem pra criação, aliás a reunião de criação não acontece sem o fotógrafo neste tipo de foto.

Mas voltando à inspiração… Esse é o ponto onde você descobre uma crise: de repente estou ali fotografando no fim de semana despretenciosamente e olho aquela imagem e penso : “humm, essa foto no banco de imagem vai vender…”, sinto que não foi pra isso que decidi ser fotógrafo, com certeza minhas motivações eram mais românticas em todos os seu sentidos, mais artisticas, mais idealistas, mais viscerais, mais instigadas, mais… mais !! Lembro bem quando decidi por esta vida (esquina da 7 de setembro com a rua da quitanda, no RJ. outono,1997.) e com certeza não pensei na grana, pensei sim que ia precisar de grana pra sustentar a paixão, leia-se fotografia, mas se ia me sustentar de verdade, não pensei nisso. Arrisquei, mas sustentou e sustenta até hoje, e com sobras, e por isso sou grato a ela.

Então saí pra fotografar sem pensar em banco de imagem, em contas, em vaidades…só pra me conectar de novo com as minhas referências. Eis o que produzi: Parafrases de outros fotografos. Ansel Adams, Thomas Farkas, e Mappelthorpe.

crocodilo safari_0029

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